terça-feira, 12 de agosto de 2008

A caminho do museu, mouse completa 40 anos



Há quase 40 anos era apresentado ao mundo o mouse, ferramenta que revolucionou a interface física entre usuários e computadores --hoje, quase uma peça de museu.
Em 1º dezembro 1968, na conferência "Joint Computer Conference" (veja vídeo), realizada em São Francisco (oeste dos EUA), o engenheiro Douglas Carl Engelbart, hoje com 83 anos, realizou a primeira demonstração pública do "X-Y Position Indicator for a Display System", que pouco depois foi chamado de "mouse". O protótipo tinha quase o dobro do tamanho dos que são fabricados atualmente. Possuía apenas um botão de comando e seu corpo era feito todo em madeira, além de ter um cabo que o conectava ao computador instalado na parte traseira.
Naquela época, no entanto, aparência era o que menos importava. Sua função --interagir de maneira mais rápida e precisa com os computadores-- ditou os caminhos que seriam seguidos pelos desenvolvedores de sistemas operacionais, principalmente os que utilizam janelas e ícones.
À Folha Online, Engelbart conta que criou o mouse sem esperar resultados positivos a partir de suas pesquisas. "O mouse fazia parte de um estudo realizado no centro de pesquisa da Universidade de Stanford sobre interatividade, e o grande desafio era interagir com informações na tela. Fazíamos isso com uma caneta que emitia luz nos ícones e o computador a reconhecia, mas não era muito precisa. Então pensei que deveriam existir outros meios para apontar isso com nossas mãos, sem esperar muita coisa disso tudo."
A história provou que a criatura superou as expectativas de seu criador. Dado o sucesso de sua invenção, Engelbart patenteou o mouse em 1970 e cedeu os direitos para o Instituto de Pesquisa da Universidade de Stanford, que, mais tarde, os vendeu à Apple.
Essa negociação marcou a história do dispositivo, que pegou carona no sucesso do Apple Lisa, de 1983, primeiro PC a surgir no mercado munido de um mouse, e, um ano depois, com o Macintosh 128. Um levantamento feito junto às principais fabricantes de mouses, como Logitech e Microsoft, aponta que sejam comercializados no mundo cerca de 400 milhões de mouses por ano. Atualmente, Engelbart dedica-se aos trabalhos da Organização Bootstrap, a qual fundou com sua filha para desenvolver trabalhos ligados a informática.
"Com a minha idade não posso trabalhar muito. Fale o nome de alguém da minha idade que possa fazer muita coisa. Tenho 83 anos. Ainda cuido da Bootstrap, mas mesmo nela não posso mais fazer muita coisa. Mas gostaria de ver muitas invenções ainda."
Evolução ou Aposentadoria?
Da caixa de madeira ao sistema óptico, o mouse acompanha a evolução tecnológica sofrendo alterações no seu design e mecanismos de funcionamento. Novos botões foram adicionados, bem como conceitos de ergonomia e leitura de superfícies.
A pergunta que paira sobre a cabeça de desenvolvedores, fabricantes e usuários é quanto tempo demorará para o mouse se retirar definitivamente da cena tecnológica --anos, meses, semanas?
Para a gerente de hardware da Microsoft Brasil, Renata Rocha, a evolução das tecnologias talvez decrete a extinção do dispositivo, mas não em um curto espaço de tempo.
"Hoje, teoricamente, qualquer coisa pode ser substituída. Mas, se analisarmos a evolução do mouse ao longo dos anos, podemos notar que o princípio de funcionamento é o mesmo, apenas novos conceitos são adicionados ao que já existe", avalia.
Rafael Montello, gerente de Marketing e Produtos do grupo Leadership, diz que "a indústria trabalha para extinguir este dispositivo, revolucionando a forma de relacionamento com os computadores". Ele ressalta que telas sensíveis ao toque, reconhecimento de voz e movimento são algumas das tecnologias que devem enterrar o "rato".
O criador do mouse, Douglas Engelbart, reconhece a ameaça de novos dispositivos mas defende seu "filho". "Eu poderia citar um monte de tecnologias, mas não sei dizer ao certo se ele poderia ser ultrapassado. Muitas delas demorariam muito para cair no gosto popular. Reconhecimento de voz? Não consigo imaginar as pessoas em geral ditando ordens ao computador, é muito cansativo."

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