O criador do império Microsoft, Bill Gates, se retira nesta sexta-feira (27), do cotidiano da companhia que o transformou no homem mais rico do mundo, em um momento incerto para a gigante da informática, que vive um período de declínio.
A saída de Gates, que quis virar a página e se dedicar a seus projetos filantrópicos, já tinha sido anunciada há dois anos em comunicado da empresa e simboliza o fim da época dourada da Microsoft, fundada há 33 anos.
"Estou deixando algo, é um trabalho divertido, mas caso sempre que tivesse um concorrente interessante eu pensasse em ficar, então teria que morrer no trabalho", confessou o magnata da informática em recente entrevista à revista "Newsweek".
O fabricante do quase universal sistema operacional Windows e dos onipresentes programas de escritório Word, Excel, Access e PowerPoint viu que seus concorrentes começam a ganhar terreno pouco a pouco, enquanto ele lida com processos judiciais que o acusam de monopólio.
São tempos revoltos para Microsoft, que desde 2000 se preparava para o adeus definitivo de Gates. Há oito anos ele foi substituído como presidente-executivo por Steve Ballmer, seu amigo e braço direito, e passou a exercer tarefas de arquiteto-chefe de software, assim como de presidente do conselho de administração da empresa.
Gates centrará seus esforços a partir de agora em levar adiante projetos humanitários iniciados por meio da Fundação Bill e Melinda Gates, instituição beneficente dedicada a temas ligados à saúde e à educação.
"Terei quatro vezes mais tempo para revisar estratégias sobre o que fazemos quanto à educação, luta contra doenças, agricultura, aos microcréditos, e minhas aparições em público terão a ver, em sua maior parte com a Fundação, portanto, minhas viagens serão para África e Índia", declarou Gates.
Ballmer e a direção da Microsoft, no entanto, terão de enfrentar os novos desafios da companhia que viu cair seu lucro no último trimestre em 11% e perdeu a batalha pelo controle do mercado de buscadores da internet para o Google, especialmente após seu fracasso em adquirir a Yahoo!.
As inúmeras críticas recebidas por seu último sistema operacional, o Windows Vista, com problemas de compatibilidade com outros programas e periféricos, não impediu que sua comercialização vingasse, já existindo mais de 140 milhões de variações no mundo todo.
Muitos usuários e empresas continuam, no entanto, ligados ao seu antecessor Windows XP, que tem seus dias contados. Entretanto, aumenta a popularidade dos sistemas operacionais gratuitos como o Linux e cresce a fração do mercado dos dispositivos da Apple, concorrente da Microsoft que utiliza programas próprios.
Ele sai justamente quanto é considerado o terceiro homem mais rico do mundo, com uma fortuna que atinge US$ 58 bilhões, segundo a revista "Forbes".
Fonte:Folha