segunda-feira, 21 de abril de 2008

Entre Deus e o diabo

Deus talvez seja brasileiro, mas o diabo também vive entre nós.

O mundo está em pânico com a falta de recursos naturais. Alimentos e petróleo no topo da lista. O Brasil não apenas produz alimentos como ninguém, como ainda tem o biocombustível mais eficiente do mundo (o etanol de cana-de-açúcar).

Agora, novas notícias sobre petróleo. A terceira maior reserva do mundo. "Coisa de Oriente Médio", disse o diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Haroldo Lima. E acrescentou: "Mas nada está confirmado".

Que tipo de idiotice é essa? O mercado subiu e desceu com as declarações desse senhor. Em Nova York, onde estava o ministro Guido Mantega (Fazenda) nessa segunda-feira, nem seus assessores mais próximos conseguiam confirmar ou desmentir a notícia. Que país é esse?

No Brasil, as autoridades falam o que dá na telha, sem qualquer constrangimento, preocupação ou responsabilidade com as conseqüências. Cada vez maiores em um mercado integrado e dependente até o último fio de cabelo de algo etéreo: expectativas.

O próprio Ministério da Fazenda, responsável por zelar pela tranqüilidade geral, lança, umas atrás das outras, propostas vazias. Mas explosivas para as expectativas, como se isso não fosse nada.

Onde está o tal "Fundo Soberano" com as reservas internacionais anunciado há seis meses pela Fazenda? Ou a limitação de parcelas no crédito para segurar o consumo? Não deram em nada, só em estresse desnecessário.

Ontem, Mantega voltou a falar de crescimento e inflação. Isso na bica da reunião do Copom, onde o Banco Central deveria ter total espaço, autonomia e tranqüilidade de seus colegas no governo para decidir. Afinal, estamos onde estamos muito provavelmente graças à ortodoxia do Banco Central.

O Brasil vai bem e tem todas as chances de sair do buraco terrível que prendeu a atual geração. E poderia fazê-lo de forma séria, altiva.

A demanda por recursos naturais será coisa de gente grande daqui para frente. Assim como a disputa por eles, com ardis de "instituições multilaterais" ou coisa muito pior.

Tratar desses assuntos como as autoridades vêm fazendo, com esse palavrório irresponsável, é apenas mais uma demonstração triste do recalque brasileiro.

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